Resenhas

Resenha de Geographies of Media and Communication, capítulos de 7 a 10

Resenha de Paulo Victor. Capítulos 7 a 10.

No capítulo 7, Virtuality and Scatterd Gathering, o autor fala sobre diversas formas pelas quais as pessoas se reúnem online, incluindo mundos virtuais de Massively Multiple Online Role Playing Game (MMORPG), redes sociais como MySpace e até sites próprios para uniões matrimoniais. A premissa dentre todas essas manifestações é que as pessoas se encontram de alguma forma nesses espaços eletrônicos, a despeito de tais encontros serem presenciais ou não.

Utilizando-se da teoria dos usos e gratificações e do conceito de paisagens de Arjun Appadurai, Adams analisa os diversos ambientes já citados, considerando que o uso dessas mediações tem algum fim específico para as pessoas. A partir daí transcorrem variadas estruturas de utilização, como econômica, etnográfica ou ideológica, por exemplo. Por fim, conclui que as experiências subjetivas acabam por ecoar nos espaços, inclusive os virtuais, os quais não deixam de revelar relações reais, apesar das confusões em torno do termo.

Em Signs, Symbols, and Signals, oitavo capítulo do livro, o autor trata de uma estrutura comunicacional baseada em gêneros, discursos, textos e tropos, além do uso de signos, símbolos e sinais, tidos a partir de Barthes. Em linhas gerais, Adams percorre um longo caminho para discutir a conexão entre poder, discurso e textualidade, a qual está contida não apenas em textos escritos propriamente ditos, mas em todo tipo de produção cultural. Dessa forma, representações e ideias genéricas engendram uma relação de força sobre a realidade. Como diz o autor, “a palavra ‘continente’ não apenas dá nome a uma divisão pré-existente de terras; ela cria essa divisão”.

Já no capítulo 9, The place image, Paul Adams fala das interligações constituídas entre os lugares, suas representações e as pessoas que por ali circulam. Para o autor, não há uma relação causal entre o lugar e suas imagens: na verdade, um tem implicações no outro. Em outras palavras, a realidade tanto é construída pela comunicação quanto o jeito de encarar um território modifica a forma de agir nele.

Após tecer considerações sobre a idealização dos lugares e sobre a formação de comunidades dispersas em torno de um tema (como um lugar sagrado), Adams conclui que o senso moderno de lugar deve incluir um tripé para a compreensão da territorialidade: poder, comunicação e as linhas delimitadoras. Assim como o poder da palavra, a fronteira aplica formas de autoridade sobre o espaço, revelando-se, dessa maneira, como uma “forma de fala”.

Por fim, no capítulo 10, Internalization/Externalization, Adams procura tratar da formação de identidades a partir da espacialidade. Tendo por base a teoria da estruturação, o autor defende que nossas ações sobre o mundo se dão tendo por base um processo dinâmico de internalização e externalização. Utilizando as ideias de Giddens, Adams considera que a identidade não é algo dado a priori, constituindo-se em narrativas mantidas pelo indivíduo. Um dos perigos, assim, seria o cultivo de ideais amplamente difundidos em prol de um nacionalismo sem freios. Como mostra o geógrafo Yves Lacoste, a geografia, portanto, serviria em primeiro lugar para a realização da guerra. De qualquer forma, Adams conclui indicando que os meios de comunicação não conseguem injetar ideologia no público de maneira “hipodérmica” e, que na verdade, como nos mostra Foucault, as formas de poder não estão apenas do lado do emissor, mas também se reproduzem em práticas cotidianas por parte do público receptor.