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A vida social das Digital Humanities

O Lab404 deu continuidade às discussões sobre o livro Digital Humanities, de  Anne Burdick, Johanna Drucker, Peter Lunenfeld, Todd Presner e Jeffrey Schnapp. Abaixo, resenha do terceiro capítulo.

Na medida em que o aprendizado sai das salas e bibliotecas e parte para as redes digitais de comunicação, ele amplia os papeis sociais e faz surgir novas questões. Novas formas de conhecimento das Digital Humanities estão dinamicamente conectadas a comunidades e outras tantas diferentes daquelas às quais a comunidade acadêmica está acostumada. Segundo os autores, estas comunidades estão alicerçadas na demanda crescente por interações intelectuais sociais. Tais comunidades refletem, fazem e produzem interactive feedback loop.

O século XX criou uma divisão clara entre alguns conceitos: análise/prática, crítica/design, hermenêutica/colaboração, o quê?/como? A reboque, as humanidades tradicionais e à frente, as Digital Humanities. O “o quê?” é definido pelo “como?”, como acontece com a impressão. DH alia as transformações trazidas pelo “como?” contemporâneo às humanidades.

Neste capítulo, os autores analisam os aspectos e impactos sociais das DH. O ponto de partida é a economia criada após o “como?” do modelo open source, que trouxe questões como autoria colaborativa, versioning,  e curadoria do conhecimento. O que era uma questão técnica tornou-se social e expandiu-se para outras áreas (Arduíno: um hardware open source) e passou a questionar regras, normas, autoria, propriedade e personalização (p2p), no lugar das questões da economia tradicional, ou seja, escassez, autoria, propriedade etc.

A respeito das mudanças sociais trazidas pelas tecnologias sociais, segundo os autores agora tem-se o universo aberto pela porta de entrada (“o buraco do coelho de Alice”). A tecnologia passa a ser realmente social, pois são criadas (e estão sendo criadas) pela comunidade, acima de tudo, influenciam dão forma e dão origem às relações sociais contemporâneas. Os autores sustem que a DH deve ter compromisso com “mundos passados” e “mundos porvir”, unir novamente a divisão criada no século XX entre “o quê?” e “como?”. Deve-se transformar a autoria de autônoma em um processo de projeto e criação do experimental, social e coletivo.

Para finalizar o capítulo, os autores citam como exemplo da ação DH o projeto (no lugar de revista/livro) Victor, que explora inter-relações complexas entre forma e conteúdo em artigos multimodais. O projeto é um ecossistema em que profissionais da academia e da área técnica se reúnem para criar uma interface de navegação apropriada.

 

(texto por João Neto)